A Península de Setúbal ficou sem qualquer serviço de urgência de obstetrícia e ginecologia durante o fim de semana, após o encerramento inesperado do Hospital Garcia de Orta, em Almada, que se juntou aos fechos já previstos no Barreiro e em Setúbal. A situação, que afetou uma população de cerca de 800 mil habitantes e obrigou ao encaminhamento de todas as utentes para hospitais de Lisboa, gerou uma onda de críticas por parte de autarcas, utentes e ordens profissionais. O Ministério da Saúde justificou o encerramento inesperado do Garcia de Orta com a "indisponibilidade", comunicada "à última hora", dos "médicos prestadores de serviços que asseguram regularmente" as escalas. A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, admitiu que a situação era "muito preocupante" e que o plano para manter a urgência de Almada a funcionar em pleno, anunciado em julho, tinha falhado.
A governante prometeu nova legislação até ao final do ano para regular o trabalho dos chamados "médicos tarefeiros".
A reação das entidades locais foi imediata.
A autarca de Almada, Inês de Medeiros, criticou o Governo por abandonar o plano anterior da Direção Executiva do SNS, afirmando que a situação estava a "correr pior". Já o autarca do Seixal, Paulo Silva, manifestou preocupação com os "constantes encerramentos" e associou-os ao aumento da taxa de mortalidade infantil no distrito, classificando a situação como uma "regressão civilizacional". As comissões de utentes de ambos os concelhos consideraram o fecho previsível, devido à falta de investimento no SNS e à desvalorização dos profissionais. O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, classificou o sucedido como uma "falha de planeamento grave" da DE-SNS, por não existir um plano de reserva. A urgência do Hospital Garcia de Orta reabriu na manhã de segunda-feira.
Em resumoO fecho simultâneo das três urgências de obstetrícia da Península de Setúbal no fim de semana, devido à indisponibilidade de médicos tarefeiros, deixou a região sem resposta e obrigou ao encaminhamento de grávidas para Lisboa. A crise gerou fortes críticas de autarcas e utentes, com a Ministra da Saúde a admitir a falha do plano e a prometer novas regras para o setor.