A sétima sessão ficou marcada pela exibição de escutas e pela contínua negação de qualquer benefício ao Grupo Lena. Durante o seu depoimento, Sócrates acusou o MP de basear a acusação de corrupção no projeto do TGV numa mera "posição política", argumentando que a procuradoria se opunha à construção da linha de alta velocidade.

O ex-governante admitiu ter-se reunido com o então vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, para interceder a favor do Grupo Lena, mas defendeu que o fez no "estrito cumprimento" dos seus deveres como antigo primeiro-ministro para ajudar empresas portuguesas, negando ter recebido qualquer pagamento por isso.

Visivelmente exaltado, Sócrates criticou o que chamou de "pornografia" das escutas telefónicas, queixando-se da sua divulgação e do impacto na sua vida privada. Numa das escutas, o ex-primeiro-ministro refere-se a pessoas a quem deve "muitas atenções", o que foi explorado pela acusação.

A sessão foi também marcada pelo tema de um alegado jantar com Ricardo Salgado, que Sócrates negou veementemente, afirmando nem sequer ter o número de telemóvel do antigo banqueiro, apesar de o MP ter apresentado provas de que o seu telemóvel apreendido continha dois contactos do ex-presidente do BES. À saída do tribunal, Sócrates garantiu que a "fortuna escondida simplesmente não existe" e que tem provas para contrariar as "inverdades" da acusação.