A França mergulhou numa nova crise política com a queda do governo do primeiro-ministro François Bayrou, após a Assembleia Nacional ter chumbado a moção de confiança apresentada pelo próprio executivo. Este evento marca um momento de elevada instabilidade para o segundo mandato do Presidente Emmanuel Macron, que agora enfrenta o desafio de nomear um novo chefe de governo sem dissolver o parlamento. A moção de confiança foi rejeitada por uma margem ampla de 364 votos contra e 194 a favor, unindo a oposição de extrema-esquerda e extrema-direita. No centro da crise está o plano de austeridade de Bayrou, que previa um corte de 44 mil milhões de euros na despesa pública para controlar a dívida francesa, que é quase o dobro do limite permitido pela União Europeia.
No seu discurso, Bayrou alertou que o “maior risco” para a França seria “continuar sem mudar nada”, descrevendo a situação financeira como uma “hemorragia silenciosa”.
A queda do governo, o terceiro em menos de um ano, evidencia a dificuldade de Macron em governar sem uma maioria absoluta e a profunda fragmentação do cenário político francês.
O Presidente anunciou que irá nomear um novo primeiro-ministro “nos próximos dias”, afastando, para já, o cenário de eleições antecipadas exigido pela oposição.
A situação é vista com preocupação a nível europeu, com analistas a preverem que a instabilidade possa levar a uma revisão em baixa do rating da dívida francesa e a agravar uma “crise estrutural mais profunda da própria Europa”.
Em resumoA queda do governo de François Bayrou aprofunda a crise política em França, deixando o Presidente Macron numa posição delicada. A instabilidade política, alimentada por um parlamento fragmentado e a contestação a medidas de austeridade, ameaça a governabilidade do país e acarreta riscos económicos significativos para a Zona Euro.