Crise na Margem Sul: Encerramento de urgências de obstetrícia expõe falhas no SNS

O Serviço Nacional de Saúde enfrenta uma nova crise aguda, evidenciada pelo encerramento das urgências de obstetrícia na Península de Setúbal durante o fim de semana, expondo a forte dependência de médicos tarefeiros e forçando a Ministra da Saúde a admitir a falha do plano de contingência. Durante o fim de semana, os serviços de urgência de obstetrícia e ginecologia dos hospitais Garcia de Orta (Almada), Nossa Senhora do Rosário (Barreiro) e São Bernardo (Setúbal) estiveram encerrados ou com funcionamento condicionado. A causa principal foi a indisponibilidade comunicada “à última hora” por mais de 20 médicos prestadores de serviços, que compõem a bolsa de profissionais da região. A situação obrigou ao desvio de grávidas para hospitais em Lisboa. A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, classificou a situação como “muito preocupante” e admitiu que o plano para manter a urgência do Garcia de Orta sempre aberta, que previa a contratação de sete médicos externos, falhou, uma vez que apenas quatro foram contratados. “A falha é de quem lhe garantiu que o plano do Governo iria resultar”, afirmou, isentando os médicos tarefeiros de responsabilidade, uma vez que “não têm vínculo com o Serviço Nacional de Saúde”. Para resolver o problema estrutural, a ministra anunciou que, até ao final do ano, haverá nova legislação para “clarificar” as regras de contratação de tarefeiros e valorizar os profissionais do SNS, embora admita que se avizinham “momentos muito difíceis”. A crise gerou fortes críticas por parte de autarcas da região, como Inês de Medeiros (Almada), e da oposição, com o líder do PS, José Luís Carneiro, a acusar o Governo de ter “falhado em toda a linha”. Comissões de utentes também exigiram respostas e a reposição da normalidade dos serviços, considerando a situação uma forma de “violência institucional e obstétrica”.

Em resumo

O caos nas maternidades da Margem Sul do Tejo revela as fragilidades sistémicas do SNS, nomeadamente a sua excessiva dependência de prestadores de serviços. A crise forçou o Governo a prometer reformas legislativas urgentes para estabilizar as equipas médicas, mas a solução a curto prazo permanece incerta, com utentes e autarcas a exigirem respostas imediatas.

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