A decisão, embora esperada, foi apresentada pelo próprio como uma consequência do seu "falhanço na tarefa de encontrar uma alternativa", admitindo que a sua preferência recairia sobre Pedro Passos Coelho. No seu discurso, Ventura definiu a sua candidatura como uma forma de liderar a oposição a partir de Belém, estabelecendo como principal adversário o Almirante Gouveia e Melo, a quem acusou de "ter trazido o pior do partidarismo para o interior da candidatura".

A sua entrada na corrida presidencial provocou reações imediatas no espectro político.

António José Seguro, também candidato, apelou à "convergência" na sua própria candidatura, afirmando ser "contra os muros" e "a favor das pontes".

O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, sublinhou a "importância de apoiar alguém do campo do socialismo democrático" como resposta a Ventura. Da esquerda, Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, acusou o líder do Chega de "incitar à violência política", enquanto a Iniciativa Liberal, pela voz de Mário Amorim Lopes, declarou que a "solução não pode ser alguém que promete deitar tudo abaixo". A candidatura de Luís Marques Mendes, através de apoiantes, desvalorizou Ventura como um candidato do "radicalismo", em oposição ao seu espaço de "moderação". A estratégia de Ventura parece visar uma polarização na segunda volta, que ele antecipa ser "a luta do sistema contra o antissistema".