A escala de três caças F-35 norte-americanos, vendidos a Israel, na Base das Lajes, nos Açores, gerou uma forte polémica política, com o Governo a tentar clarificar a situação e a oposição a exigir mais explicações. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou que o Governo “não interveio em nenhum ato que pudesse ser entendido como uma venda de armamento a Israel”, descrevendo o ocorrido como uma escala de “três aviões” e “não propriamente” armamento militar. O ministro da Defesa, Nuno Melo, reforçou esta posição, declarando que o seu ministério “não tem nada a ver” com o assunto e que a autorização para a aterragem não passa pela sua tutela, considerando “absurdo” que lhe peçam justificações.
As explicações do executivo não satisfizeram os partidos da oposição.
O PS e o PCP requereram audições parlamentares urgentes dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa.
O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, ironizou as declarações de Montenegro, afirmando que se os F-35 não são de combate, “é porque está tudo ao contrário”, classificando a situação como uma “trapalhada”. O Livre e o Bloco de Esquerda acusaram o primeiro-ministro de querer “tapar o sol com a peneira”, considerando a situação “muito grave” e que poderia colocar Portugal numa lista de “cúmplices” com as ações de Israel em Gaza.
Em contraste, a Iniciativa Liberal declarou-se “esclarecida” após as explicações do Governo, considerando que foi assumido um “erro administrativo”.
Em resumoA escala dos caças F-35 nas Lajes expôs falhas de comunicação no seio do Governo e gerou uma crise política, com a oposição a questionar a transparência e a posição de Portugal face ao conflito no Médio Oriente. Apesar das tentativas de desdramatização por parte do executivo, o caso continua a alimentar o debate político em plena campanha autárquica.