O relatório preliminar sobre o acidente fatal com o Elevador da Glória, que vitimou 16 pessoas, aponta para um conjunto de falhas técnicas e de manutenção "bastante graves", o que gerou forte pressão política e culminou na decisão do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, de não reconduzir a administração da Carris. O documento, elaborado pelo Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Ferroviários (GPIAAF), é descrito como "demolidor" e revela que o ascensor operou durante quase três anos com um cabo que não estava certificado para o transporte de pessoas, além de apontar para a ausência de um sistema de travagem redundante e falhas na manutenção.
O relatório detalha que o guarda-freio André Marques, que também morreu no acidente, tentou acionar os travões nos quatro segundos que antecederam a tragédia.
A divulgação destas conclusões levou a oposição na autarquia de Lisboa, nomeadamente PS, Chega e PCP, a exigir a assunção de "responsabilidades políticas" por parte de Carlos Moedas.
A vereadora socialista Alexandra Leitão considerou que a administração da Carris não tinha condições para continuar em funções. Em resposta, Carlos Moedas anunciou que não iria reconduzir o conselho de administração da empresa, liderado por Pedro Bogas, considerando as falhas detetadas "inaceitáveis".
Adicionalmente, o Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, admitiu a existência de uma "lacuna legal" na supervisão de funiculares, revelando que o Governo só tomou consciência do problema após a tragédia e que o Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) já está a preparar nova legislação para colmatar este vazio.
Em resumoO relatório preliminar sobre a tragédia do Elevador da Glória expôs falhas críticas de segurança e manutenção por parte da Carris, incluindo o uso de um cabo não certificado. A repercussão política levou o autarca Carlos Moedas a afastar a administração da empresa, enquanto o Governo reconheceu e prometeu corrigir uma lacuna na supervisão legal deste tipo de equipamentos.