O conselho de administração da Carris, liderado por Pedro Bogas, apresentou a sua demissão, que foi prontamente aceite pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas. Esta decisão é uma consequência direta da divulgação do relatório preliminar do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes (GPIAAF) sobre o trágico acidente com o Elevador da Glória, que vitimou 16 pessoas. O relatório, considerado demolidor para a empresa municipal de transportes, apontou falhas graves e sistémicas na manutenção e segurança do ascensor, incluindo o facto de o cabo de tração ter rebentado e a inexistência de um sistema de travagem redundante eficaz.
O documento detalha os quatro segundos em que o guarda-freio tentou, sem sucesso, controlar a cabina desgovernada.
A renúncia da administração foi vista como “inevitável” perante a gravidade das conclusões.
Carlos Moedas, ao aceitar a demissão, destacou a “forma profissional e corajosa” da administração após o desastre e anunciou que uma nova liderança será apresentada oportunamente.
A crise política, no entanto, não se esgotou com esta demissão.
O Partido Socialista na autarquia exigiu também a demissão do vice-presidente, Filipe Anacoreta Correia, que detém a tutela da Carris, pedindo a assunção de responsabilidades políticas ao mais alto nível da gestão municipal.
Em resumoA demissão da administração da Carris marca a primeira grande consequência institucional da tragédia do Elevador da Glória, colocando em evidência as falhas de gestão e manutenção apontadas pelo relatório oficial. O caso desencadeou uma crise política na autarquia de Lisboa, com a oposição a exigir responsabilidades que vão para além da gestão da empresa.