Um militar da Guarda Nacional Republicana morreu e três outros ficaram feridos durante uma operação de combate ao narcotráfico no rio Guadiana, desencadeando uma intensa busca pelos suspeitos e acelerando a resposta legislativa do Estado a este tipo de criminalidade. O incidente ocorreu na noite de segunda-feira, na zona de Alcoutim, quando a embarcação da Unidade de Controlo Costeira da GNR foi deliberadamente abalroada por uma lancha de alta velocidade, presumivelmente utilizada por uma rede de tráfico de droga. O militar que perdeu a vida foi identificado como o Cabo Pedro Manata e Silva, de 50 anos, que terá sofrido ferimentos fatais na cabeça no momento da colisão, que provocou também um incêndio na embarcação dos suspeitos.
A lancha dos alegados traficantes foi encontrada incendiada nas margens do rio, mas os seus ocupantes conseguiram fugir, dando início a uma operação de busca conjunta entre as autoridades portuguesas e espanholas.
Horas após a tragédia, foram detidos dois suspeitos de nacionalidade espanhola quando tentavam atravessar a fronteira em Vila Real de Santo António, estando já referenciados por tráfico de droga em Espanha.
A morte do militar gerou uma onda de consternação, com o Presidente da República, o Primeiro-Ministro e a Ministra da Administração Interna a lamentarem o sucedido e a garantirem que todos os esforços seriam feitos para levar os responsáveis à justiça. O acontecimento teve também consequências políticas imediatas: o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa promulgou, na manhã seguinte, o diploma que criminaliza a posse e utilização de embarcações de alta velocidade sem a devida autorização, uma medida que visa dotar as autoridades de mais ferramentas para combater as redes de narcotráfico que utilizam a costa algarvia e o rio Guadiana como porta de entrada para a Europa.
Em resumoA trágica morte de um militar da GNR no rio Guadiana expôs os perigos inerentes ao combate ao narcotráfico e serviu de catalisador para a promulgação de legislação que criminaliza o uso de lanchas rápidas. A rápida detenção de dois suspeitos demonstra a cooperação ibérica, mas o incidente sublinha a crescente audácia das redes criminosas que operam na região.