A Polícia Judiciária realizou buscas na sede do Novo Banco e na consultora KPMG, no âmbito da operação "Haircut", por suspeitas de corrupção, burla qualificada e branqueamento de capitais na venda de ativos imobiliários. A operação coincidiu com a formalização da venda da participação do Estado no banco ao grupo francês BPCE. As investigações, coordenadas pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), centram-se na venda de ativos imobiliários do Novo Banco, oriundos da resolução do Banco Espírito Santo, por valores alegadamente muito abaixo do preço de mercado. Esta prática, conhecida como 'haircut', terá gerado prejuízos significativos para o banco e, consequentemente, para o Estado, que injetou mais de oito mil milhões de euros na instituição através do Fundo de Resolução.
Um dos negócios sob suspeita é a venda da Herdade da Ferraria.
As buscas, que envolveram mais de uma centena de inspetores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, ocorreram no mesmo dia em que o Estado e o Fundo de Resolução formalizaram a venda das suas participações remanescentes no Novo Banco ao grupo francês BPCE, que se tornou assim o único proprietário.
A coincidência temporal foi notada, com o CEO do Novo Banco a evitar os jornalistas após a cerimónia de assinatura do acordo.
A KPMG emitiu um comunicado a esclarecer que é um dos seus clientes que está a ser investigado, e não a própria consultora.
Em resumoA operação "Haircut" levou a buscas no Novo Banco e na KPMG por suspeitas de corrupção na venda de ativos abaixo do valor de mercado, o que terá lesado o Estado. As diligências coincidiram com a venda final da participação estatal no banco ao grupo francês BPCE, que se tornou o único acionista.