A morte de uma mulher grávida de 38 semanas e do seu bebé no Hospital Amadora-Sintra desencadeou uma forte polémica, centrada em informações contraditórias sobre o acompanhamento da gravidez no Serviço Nacional de Saúde (SNS). A controvérsia adensou-se após a ministra da Saúde ter afirmado no Parlamento que a grávida não tinha tido acompanhamento prévio, uma declaração que foi posteriormente desmentida pela família da vítima e pelo próprio hospital. A família apresentou provas, como documentos de consultas, que demonstram que a mulher, Umo Cani, era seguida no centro de saúde de Agualva-Cacém desde julho e que realizou pelo menos duas consultas de obstetrícia no Hospital Fernando Fonseca, na Amadora, nos dias 17 de setembro e 29 de outubro, esta última apenas dois dias antes de morrer. Perante as evidências, a Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra emitiu um comunicado a reconhecer que a grávida era, de facto, acompanhada desde julho, assumindo a responsabilidade pela falha na comunicação da informação à ministra.
A ULS esclareceu que só foi possível apurar o historial completo da paciente no domingo, quase 48 horas após o óbito, e que a tutela só nesse momento foi informada.
Este caso levanta sérias questões sobre a comunicação interna no SNS e a fiabilidade da informação que chega ao poder político, com a família a classificar as declarações iniciais da ministra como "infelizes".
A situação expõe fragilidades no sistema de saúde, num hospital que, segundo outras notícias, enfrenta tempos de espera superiores a 20 horas nas urgências, e reacende o debate sobre a qualidade dos cuidados prestados às grávidas em Portugal.
Em resumoA morte de uma grávida no Hospital Amadora-Sintra expôs uma grave falha de comunicação no SNS, com a ministra da Saúde a ser contraditada por provas da família e, posteriormente, pelo próprio hospital, que confirmou o acompanhamento da vítima desde julho. O caso levanta questões sobre a gestão da informação e a qualidade dos cuidados de saúde.