Guerra em Gaza: Entre a Destruição, a Diplomacia Frágil e a Solidariedade Internacional

A guerra em Gaza, que já dura há mais de dois anos, continua a dominar a atualidade internacional devido à sua escala de destruição e à crise humanitária sem precedentes, sendo mesmo eleita o acontecimento internacional do ano de 2025 pelos jornalistas da agência Lusa.

Iniciado pelos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que resultaram em cerca de 1.200 mortos e 251 reféns, o conflito em Gaza prolonga-se há dois anos, com consequências devastadoras. A retaliação israelita provocou mais de 70 mil mortos, na sua maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, e causou a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave, forçando a deslocação de centenas de milhares de pessoas. A reconstrução do território palestiniano, agora reduzido a escombros, poderá demorar 80 anos e custar 60 mil milhões de euros, enfrentando ainda o perigo de 7.500 toneladas de explosivos por detonar. Um cessar-fogo patrocinado pelos Estados Unidos entrou em vigor a 10 de outubro, prevendo a libertação de 48 reféns detidos pelo Hamas em troca de 2.000 prisioneiros palestinianos. Até ao momento, foram libertados 46 reféns, mas os corpos de um oficial israelita e de um trabalhador tailandês continuam por recuperar, o que motiva manifestações semanais em Israel.

Apesar da trégua, as violações são mútuas e contínuas.

As Forças de Defesa de Israel confirmaram recentemente ataques em Rafah e Khan Yunis, que resultaram na morte de vários operacionais palestinianos, descritos pelo exército israelita como "terroristas". A crise humanitária agrava-se, com o UNICEF a alertar para o risco de morte por desnutrição de 9.300 crianças. A situação motivou uma onda de solidariedade internacional, com manifestações em várias cidades europeias, como Paris, Madrid, Barcelona, Lisboa e Porto, no Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano.

Os manifestantes exigiram o fim do que classificam como "genocídio" e o embargo de armas a Israel.

Em Portugal, a campanha "Todos pela Palestina" reuniu mais de 150 associações e coletivos. O impacto global do conflito foi reconhecido pela agência Lusa, cujos jornalistas elegeram a guerra em Gaza como o acontecimento internacional de 2025 (com 90 votos de um total de 114) e o povo palestiniano como a figura internacional do ano. A tensão estende-se ainda à região, com um ataque israelita na Síria a provocar 13 mortos, um ato denunciado pelo governo de Damasco como um "crime de guerra".