O Sismo em Hollywood: Aquisição da Warner pela Netflix Ameaça Redefinir o Cinema



A Netflix anunciou a aquisição da Warner Bros.
Discovery por um valor reportado de 82,7 mil milhões de dólares, unindo duas das maiores plataformas de streaming do mundo.
O negócio coloca sob o controlo da Netflix o serviço HBO Max e o vasto catálogo da Warner Bros., que inclui franquias icónicas como “Harry Potter”, “Batman” e “Guerra dos Tronos”.
Numa tentativa de controlo de danos, a gigante do streaming enviou um e-mail aos seus subscritores para garantir que, para já, não haverá alterações nos preços ou no serviço HBO Max.
A notícia causou uma inquietação generalizada em Hollywood.
Vários sindicatos, atores como Jane Fonda, realizadores e argumentistas manifestaram-se publicamente contra a fusão, apelando ao bloqueio do que consideram ser uma ameaça para toda a indústria do entretenimento.
No campo político, o acordo também levanta preocupações, tendo sido classificado pela senadora democrata Elizabeth Warren como um “pesadelo anti-monopólio”.
O receio é que esta concentração de poder resulte numa diminuição da diversidade criativa e do risco artístico, favorecendo conteúdos gerados por algoritmos em detrimento de produções de autor.
O impacto mais temido é o golpe potencialmente fatal para as salas de cinema. A tradicional janela de exibição cinematográfica, já em declínio, poderá ser reduzida ao padrão da Netflix de apenas 17 dias, transformando as estreias em sala em gestos simbólicos e acelerando o encerramento de cinemas. Os festivais de cinema, como Cannes, Veneza e Berlim, também enfrentam um futuro incerto, uma vez que a Netflix poderá ditar as condições de estreia dos filmes, desafiando as regras estabelecidas destes eventos.
Apesar de a aquisição ainda necessitar de aprovação por parte dos reguladores, existe ceticismo quanto a um eventual bloqueio, tendo em conta decisões passadas das autoridades norte-americanas em fusões semelhantes.
Independentemente do desfecho, os artigos sugerem que o poder na indústria mudou definitivamente para as plataformas de streaming, uma tendência reforçada pela preferência crescente dos consumidores pelo conforto do visionamento em casa.
A fusão é vista não apenas como um negócio, mas como um momento decisivo que poderá selar o destino do cinema tradicional.














