Uma investigação académica revelou uma falha de segurança estrutural no WhatsApp que permitiu, durante anos, a verificação e extração de metadados de aproximadamente 3,5 mil milhões de contas a nível global. A vulnerabilidade, que explorava a funcionalidade de descoberta de contactos da aplicação, levantou sérias questões sobre a proteção de dados na mais popular plataforma de mensagens do mundo. Investigadores da Universidade de Viena desenvolveram um método que automatizava consultas massivas à API do WhatsApp, permitindo-lhes gerar e testar rapidamente milhões de números de telefone para verificar se estavam associados a uma conta ativa. O sistema atingiu uma taxa de 7.000 números por segundo, sem que os mecanismos de segurança da Meta bloqueassem a atividade.
Esta técnica não só confirmou a existência das contas, como também permitiu recolher dados públicos como fotografias de perfil (em 57% dos casos) e as descrições de estado (“About”). A dimensão da exposição levou os investigadores a classificar o incidente como potencialmente “a maior fuga de dados da história”.
Embora a Meta afirme ter corrigido a falha em outubro de 2024, após ser alertada, a investigação revela que o mesmo problema já tinha sido reportado em 2017 por outro especialista, mas foi na altura desvalorizado pela empresa.
A longa exposição de sete anos permitiu a potenciais agentes maliciosos criar bases de dados massivas para campanhas de spam, phishing ou outras atividades ilícitas. O estudo também detetou a existência de chaves de encriptação idênticas em diferentes contas, um fenómeno associado ao uso de aplicações não oficiais que comprometem a segurança da plataforma.
Em resumoUma falha no WhatsApp permitiu a identificação de 3,5 mil milhões de contas, expondo números de telefone e, em muitos casos, fotos de perfil. A vulnerabilidade, que explorava a verificação de contactos e esteve ativa durante sete anos, só foi corrigida pela Meta após uma nova investigação académica ter revelado a sua enorme escala.