O estudo promovido pela FMUP aborda uma realidade social muitas vezes invisível: o pesado fardo emocional suportado por quem se dedica ao cuidado de animais errantes. O conceito de "fadiga de compaixão" é central para esta investigação e descreve um estado de esgotamento físico e emocional resultante da exposição contínua ao sofrimento de outros, neste caso, de animais em situações de vulnerabilidade. Os artigos sublinham que estes cuidadores são "pessoas muitas vezes marginalizadas que vivem muito sofrimento", uma afirmação que reconhece a dupla dimensão do problema: o sofrimento dos animais e o dos próprios cuidadores. A iniciativa da FMUP, que procura ativamente voluntários para participar no estudo, representa um passo importante para validar e quantificar este fenómeno. Ao envolver especialistas das áreas de psicologia, veterinária e bioestatística, a investigação pretende conferir rigor científico à análise de um problema que, até agora, tem sido largamente confinado à esfera do voluntariado e da experiência pessoal. A procura por mais de 100 voluntários demonstra a escala e a seriedade do projeto, que poderá resultar em dados cruciais para o desenvolvimento de redes de apoio mais eficazes para estes cuidadores. A longo prazo, os resultados poderão influenciar políticas públicas de bem-estar animal e de saúde mental, reconhecendo que cuidar de quem cuida é fundamental para a sustentabilidade do apoio a animais de rua.
