A discussão em torno do paradigma "One Health" evidencia a necessidade de uma abordagem integrada para problemas complexos como as zoonoses e a resistência antimicrobiana, que não respeitam as fronteiras tradicionais entre a medicina humana e a veterinária. Conforme salienta o médico veterinário Bernardo Soares, "formar um bom médico, um bom Médico-Veterinário ou um bom biólogo, hoje, implica também prepará-los para trabalhar com os outros". Esta visão sistémica, que ainda carece de maior implementação nos currículos académicos, é crucial para uma prevenção eficaz e uma resposta rápida a crises de saúde pública. A pertinência deste conceito é visível em exemplos práticos do dia a dia. Um dos artigos alerta para o facto de os animais de estimação poderem ser portadores de germes e bactérias, como *Salmonella* e *E. coli*, que podem ser transmitidos aos humanos. A recomendação de limpar as patas dos animais após os passeios e de higienizar regularmente as suas tigelas e brinquedos é uma aplicação direta dos princípios de "Saúde Única" no ambiente doméstico. Este cuidado preventivo ilustra perfeitamente como a saúde animal e a saúde humana estão intrinsecamente ligadas, demonstrando que a vigilância não se deve limitar aos consultórios ou laboratórios, mas estender-se aos lares onde a convivência entre espécies é uma realidade. A consciencialização pública sobre esta interdependência é, por isso, fundamental para proteger a saúde de toda a família, de duas e quatro patas.
