O abandono de animais de companhia continua a ser uma preocupante realidade em Portugal, com estatísticas a revelarem milhares de crimes e suspeitos identificados ao longo da última década. O período de verão destaca-se como a época mais crítica, exacerbando um problema social e legal que persiste apesar da criminalização da prática. A análise dos dados oficiais da Justiça revela uma dimensão alarmante do problema do abandono de animais em Portugal. Entre 1 de janeiro de 2015 e 31 de dezembro de 2024, as autoridades policiais registaram 6.711 crimes de abandono de animais de companhia, resultando na identificação de 3.014 suspeitos, dos quais 1.706 eram homens e 1.308 mulheres. O ano de 2022 registou o pico de identificações, com 364 casos. A tendência parece manter-se em 2025, com a GNR a registar 214 crimes até ao final de julho e a PSP a contabilizar 117 até ao final de junho. Um dos artigos aponta para um total de 331 crimes de abandono de animais de companhia até ao final de julho de 2025. O problema assume uma dimensão regional evidente, como no distrito de Setúbal, onde os canis municipais recolheram mais de 2.300 animais em 2024.
A esmagadora maioria dos animais abandonados são cães e gatos.
O verão é consistentemente identificado como o período mais crítico.
Segundo a GNR, “por norma, o maior número de abandono de animais de companhia ocorre durante o principal período de férias, nomeadamente no verão”. Perante esta sazonalidade, as forças de segurança reforçam os apelos à responsabilidade, sublinhando que “a adoção de um animal de companhia acarreta sempre responsabilidades” e que existem alternativas ao abandono.
A legislação portuguesa, através do Código Penal, criminaliza este ato, punindo-o com pena de prisão até seis meses ou multa até 60 dias, mas a persistência dos números sugere que a dissuasão legal é insuficiente para travar este flagelo social.
Em resumoAs estatísticas da última década demonstram que o abandono de animais, principalmente cães e gatos, é um crime persistente em Portugal, com um pico acentuado durante o verão. Apesar da criminalização, os números continuam elevados, com centenas de casos registados em 2025, o que reforça a necessidade de maior responsabilização por parte dos donos e de alternativas eficazes ao abandono.