Esta tendência regional reflete um problema nacional crescente, apesar de o abandono ser tipificado como crime desde 2014. Os dados divulgados pelo CAGIA, que serve 12 municípios alentejanos, são alarmantes: até 30 de setembro de 2025, já tinham sido recolhidos 358 cães, um número que projeta um total anual superior ao recorde de 372 registado em todo o ano de 2024. Este crescimento contínuo (275 em 2022, 282 em 2023) contrasta com a diminuição na entrada de gatos, um sucesso atribuído à eficácia dos programas de Capturar-Esterilizar-Devolver (CED) para controlo de colónias felinas. A situação no Alentejo espelha um flagelo nacional, com o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) a estimar a existência de cerca de 930 mil animais errantes em Portugal Continental e a reportar um recorde de 45.148 animais recolhidos das ruas em 2023. Um dos aspetos mais críticos sublinhados pelo CAGIA é a baixíssima taxa de recuperação de animais perdidos através do microchip: entre 2022 e 2024, apenas 0,02% dos animais recolhidos puderam ser devolvidos aos seus tutores por estarem devidamente identificados.
Este dado evidencia uma falha sistémica na fiscalização da obrigatoriedade da identificação eletrónica, uma ferramenta essencial para combater o abandono e facilitar o reencontro de animais perdidos. O alerta do Alentejo serve, assim, como um barómetro da ineficácia das políticas atuais e da urgência de uma fiscalização mais rigorosa para travar um problema social e de saúde pública que continua a agravar-se.









