A proximidade das investidas às aldeias e os prejuízos avultados intensificam o debate sobre a coexistência entre a vida selvagem e a atividade pastoril.
O pastor Isidro Fernandes, de Vilar Seco, relatou que o seu rebanho foi atacado durante o dia, a apenas cem metros da sua casa, resultando na morte de três ovelhas, no desaparecimento de uma e em ferimentos graves noutras sete. Segundo o pastor, as pegadas no local indiciavam a presença de, pelo menos, quatro lobos.
Este incidente não é um caso isolado.
Desde o início de 2024, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) registou 32 ataques de lobos na região do Planalto Mirandês, que abrange os concelhos de Vimioso e Miranda do Douro. Este aumento tem gerado um sentimento de impotência entre os pastores, que, como afirma Isidro Fernandes, sentem que andam “a trabalho e não sabemos para quem”.
Especialistas contactados pela agência Lusa apontam a falta de alimentos, agravada pelos incêndios, e o comportamento territorial do lobo como possíveis causas para a maior frequência e proximidade dos ataques às zonas habitadas.
O lobo-ibérico é uma espécie protegida em Portugal com o estatuto de “em perigo”, o que torna a gestão do conflito com as atividades humanas particularmente delicada. Em resposta à crescente tensão, foi apresentado em julho o Programa Alcateia 2025-2035, que prevê um orçamento de 3,3 milhões de euros para este ano e inclui a revisão das indemnizações por ataques, aproximando-as dos valores de mercado para compensar os produtores de forma mais justa.





