A Apple está no centro de uma controvérsia sobre liberdade de expressão e moderação de conteúdo, após remover da App Store as aplicações ICEBlock e Eyes Up. A decisão, que terá sido motivada por pressão do governo dos EUA, gerou críticas, incluindo de um antigo executivo da empresa, que acusa a Apple de ceder a um "regime autoritário". As aplicações em questão permitiam aos utilizadores partilhar e visualizar num mapa interativo a localização de agentes dos serviços de imigração e alfândega dos EUA (ICE), bem como arquivar vídeos de rusgas e detenções. A remoção foi confirmada pela procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, que afirmou à Fox News que a medida resultou de um pedido do governo, alegando que as aplicações colocavam os agentes "em risco por apenas fazerem o seu trabalho".
O programador da ICEBlock, Joshua Aaron, refutou estas acusações, classificando-as como "comprovadamente falsas".
A controvérsia foi amplificada por Wiley Hodges, um antigo diretor da Apple com mais de 22 anos na empresa, que publicou uma carta aberta a Tim Cook na qual se mostrou "profundamente perturbado" com a decisão. Hodges questionou a integridade da empresa, interrogando-se se esta passaria a censurar outros conteúdos, como podcasts, que transmitissem pontos de vista divergentes dos do governo.
A Apple defendeu a sua decisão num comunicado, afirmando ter recebido "informações das autoridades sobre os riscos de segurança" associados às aplicações e que a remoção reflete decisões semelhantes tomadas no passado em relação a aplicações criadas para assinalar a presença de autoridades.
Em resumoA remoção das aplicações ICEBlock e Eyes Up da App Store, após pressão governamental, colocou a Apple numa posição delicada. A empresa é acusada de comprometer os seus princípios de defesa do utilizador em favor de exigências políticas, levantando um debate sobre o seu papel como moderadora de conteúdo.