Numa atualização significativa ao seu acordo de licença, a Apple concedeu a si mesma o poder de deduzir comissões ou taxas não pagas diretamente das receitas que processa em nome dos criadores de aplicações. Esta medida terá um impacto particular nos programadores que operam em regiões onde a legislação, como a nova Lei de Concorrência de Software Móvel (MSCA) no Japão, obriga a Apple a permitir sistemas de pagamento de terceiros. Mesmo que um utilizador pague fora do sistema da Apple, a empresa continua a exigir a sua comissão, e esta nova cláusula permite-lhe cobrá-la a partir de outras receitas de compras na aplicação que ainda passam pela sua plataforma.

Esta ação pode ser vista como uma estratégia para garantir a sua fatia de receita num cenário onde o seu monopólio sobre os pagamentos está a ser erodido por via legal.

A situação no Japão é um exemplo claro desta dinâmica: enquanto a lei força a abertura do ecossistema a lojas e pagamentos alternativos, a Apple reforça os seus mecanismos contratuais para assegurar que as suas fontes de rendimento permanecem intactas, criando um novo ponto de atrito na já complexa relação com a comunidade de programadores.