De norte a sul do país, assiste-se a uma reconfiguração das alianças políticas locais. À direita, a coligação que une PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal (IL) replica-se em municípios-chave como Lisboa, Porto e Guarda, procurando apresentar uma frente unida contra os adversários. Em Lisboa, o atual presidente da câmara, Carlos Moedas, descreve a sua candidatura “Por ti, Lisboa” como um “porto de abrigo” para os moderados, contrastando-a com o que chama de “uma candidatura do radicalismo do contra”. A formalização destas alianças é um passo crucial, como demonstra a reunião do Conselho Nacional do CDS-PP para ratificar os acordos. Contudo, esta união não é isenta de tensões, como se verifica em Sintra, onde o CDS avança isoladamente, sentindo-se esquecido pela AD. À esquerda, a estratégia é semelhante, com o PS a procurar alianças com o Bloco de Esquerda (BE), o Livre e o PAN. Em Lisboa, esta união materializa-se na coligação “Viver Lisboa”, que apoia Alexandra Leitão. No entanto, esta frente não é monolítica; o PCP tem consistentemente recusado coligações pré-eleitorais, como em Lisboa e Loures, onde prefere apresentar-se como a “verdadeira alternativa”, evidenciando as fissuras no campo da esquerda. A complexidade destas negociações reflete a importância estratégica das eleições locais, não só para a governação dos municípios mas também para a afirmação de poder das forças políticas a nível nacional.
