A análise deste comportamento sugere que, no plano local, o eleitorado tende a valorizar mais a pessoa do que a sigla partidária, embora a mudança de partido possa acarretar custos políticos para o candidato. Nas autárquicas, multiplicam-se os casos de “vira-casacas”, termo utilizado para descrever políticos que representam diferentes partidos e movimentos ao longo da sua carreira. Um dos artigos refere que, embora os eleitores afirmem que “vão pelas pessoas” e não pelos partidos, ser visto como um “vira-casacas” pode “tirar pontos”.
Esta dualidade reflete a natureza personalista da política local, onde a proximidade e o trabalho desenvolvido por um candidato podem sobrepor-se à sua filiação partidária.
No entanto, estas mudanças podem ser vistas como um sinal de oportunismo, o que pode alienar uma parte do eleitorado que valoriza a coerência e a lealdade a um projeto político. Um exemplo concreto deste fenómeno é mencionado numa súmula de notícias, que destaca a manchete de um jornal sobre “o candidato do Chega que já foi do PSD e do PS”. Este caso ilustra perfeitamente a dinâmica descrita, em que um candidato com um percurso por vários espectros políticos se apresenta sob uma nova bandeira partidária. A questão central reside em saber se os eleitores locais priorizam a identidade e a ação do candidato em detrimento da sua filiação, ou se a mudança constante de partido é vista como uma fragilidade que compromete a sua credibilidade.