Esta descoberta estabelece uma ligação direta entre infeções virais e a reincidência do cancro, abrindo novas perspetivas para a prevenção e tratamento.
O estudo, conduzido em ratos por cientistas dos EUA, Reino Unido e Países Baixos, demonstrou que tanto a infeção pelo vírus da gripe como pelo SARS-CoV-2 desencadeou o despertar de células cancerígenas adormecidas que se tinham disseminado para os pulmões. Este processo resultou numa "expansão maciça de células metastáticas em poucos dias após a infeção" e no aparecimento de lesões em duas semanas.
O investigador James DeGregori resumiu o fenómeno de forma eloquente: “As células cancerígenas inativas são como as brasas deixadas numa fogueira abandonada, e os vírus respiratórios são como um vento forte a reacender as chamas”.
A análise molecular identificou a interleucina-6 (IL-6), uma proteína libertada pelo sistema imunitário em resposta à inflamação viral, como o principal mediador deste despertar.
Esta descoberta sugere que terapias que inibem a IL-6 poderão ser eficazes na prevenção de metástases após uma infeção. Para corroborar os resultados, a equipa analisou dados de duas grandes bases de dados humanas, o UK Biobank e a Flatiron Health, encontrando uma associação entre a infeção por SARS-CoV-2 e um risco acrescido de morte relacionada com cancro e de doença metastática pulmonar. Os autores sublinham a importância da vacinação contra vírus respiratórios para pessoas com historial de cancro.