Esta descoberta, publicada na revista *Cell*, não só resolve um mistério botânico, como também abre portas para o desenvolvimento de batatas mais resilientes a doenças e às alterações climáticas. Cientistas chineses analisaram mais de 400 genomas de espécies de batata, cultivadas e selvagens, para desvendar a sua linhagem.
A investigação concluiu que um cruzamento acidental entre um antepassado do tomate e uma planta do grupo *Etuberosum* deu origem a um novo grupo híbrido, denominado “Petota”, que desenvolveu a capacidade de produzir tubérculos.
Nem o tomate ancestral nem a *Etuberosum* produziam tubérculos, mas a combinação genética resultante da hibridização permitiu esta inovação evolutiva.
Os cientistas identificaram os genes específicos que tornaram isto possível: o tomate contribuiu com o gene SP6A, que ativa a tuberização, enquanto a *Etuberosum* forneceu o gene IT1, que controla o crescimento do tubérculo.
Esta combinação permitiu que as novas plantas armazenassem energia e nutrientes no subsolo, uma vantagem crucial para sobreviver nos ambientes frios e secos dos Andes, que se estavam a formar na mesma altura.
Segundo Sanwen Huang, coautor do estudo, “a evolução de um tubérculo deu às batatas uma enorme vantagem em ambientes hostis, impulsionando uma explosão de novas espécies”. O conhecimento desta base genética poderá agora ser utilizado para criar novas variedades de batata, possivelmente cultivadas a partir de sementes em vez de tubérculos, o que ajudaria a eliminar mutações nocivas e a reduzir a vulnerabilidade a doenças.