Vírus respiratórios podem reativar células adormecidas de cancro da mama
Uma investigação publicada na prestigiada revista *Nature* revelou que vírus respiratórios comuns, como os da gripe e o SARS-CoV-2, podem despertar células de cancro da mama que se encontravam adormecidas nos pulmões. Esta descoberta, observada em ratos e corroborada por dados de doentes humanos, estabelece uma ligação preocupante entre infeções comuns e a reincidência de cancro através de metástases. O estudo, liderado por cientistas dos EUA, Reino Unido e Países Baixos, partiu da observação de um aumento nas taxas de mortalidade por cancro durante os primeiros anos da pandemia de COVID-19. Para investigar a ligação, os cientistas expuseram ratos com células de cancro da mama adormecidas nos pulmões aos vírus da gripe e SARS-CoV-2.
Em ambos os casos, as infeções respiratórias desencadearam o despertar das células cancerígenas, levando a uma expansão massiva de metástases em poucos dias. O investigador James DeGregori descreveu o fenómeno de forma eloquente: “As células cancerígenas inativas são como as brasas deixadas numa fogueira abandonada, e os vírus respiratórios são como um vento forte a reacender as chamas”.
A análise molecular identificou a interleucina-6 (IL-6), uma proteína libertada pelo sistema imunitário em resposta a infeções, como o principal mediador deste processo.
Esta descoberta sugere que o uso de inibidores de IL-6 poderá ajudar a prevenir o ressurgimento de metástases após uma infeção viral. A equipa encontrou suporte para esta hipótese em duas grandes bases de dados humanas, onde a infeção por SARS-CoV-2 foi associada a um risco acrescido de morte por cancro e de metástases pulmonares. Os autores concluem que as suas descobertas sublinham a importância da prevenção de infeções respiratórias, como a vacinação, em pessoas com historial de cancro.
Em resumoUm estudo publicado na *Nature* demonstra que vírus respiratórios comuns, como o da gripe e o SARS-CoV-2, podem reativar células de cancro da mama adormecidas nos pulmões, levando a metástases. O mecanismo é impulsionado pela proteína inflamatória IL-6, sugerindo que a prevenção de infeções é crucial para doentes oncológicos.
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