A reforma estrutural, a mais significativa na política científica nacional dos últimos 25 anos, gerou surpresa e preocupação na comunidade científica.
A decisão, justificada pelo executivo como uma medida para racionalizar a despesa, aumentar a eficiência e, nas palavras da secretária de Estado Helena Canhão, acabar com a “fragmentação” no sistema, foi recebida com ceticismo.
Investigadores e figuras proeminentes do setor, como o Prémio Pessoa Miguel Bastos Araújo, criticaram a ausência de consulta pública e de um debate aprofundado sobre as implicações da medida.
O principal receio é que a fusão com a ANI, uma agência com foco na inovação empresarial, resulte num desvio de financiamento da ciência fundamental para a investigação aplicada com fins comerciais imediatos.
Esta preocupação é agravada pela perceção de que, em fusões semelhantes, “tende a ser a ciência que sai a perder”. O conhecido comentador Tiago Luz Pedro resumiu o sentimento de muitos ao afirmar que “precisamos de ciência livre, não apenas útil”, alertando para o risco de uma visão míope que ignore o potencial de descobertas sem aplicação prática imediata.
Apesar dos seus problemas, como a burocracia e a precariedade, a FCT foi fundamental para o “salto quântico” da ciência portuguesa nas últimas décadas, visível no aumento exponencial de publicações científicas. A incerteza paira agora sobre o futuro de programas cruciais, como o FCT-Tenure para a integração de investigadores, e sobre a continuidade do financiamento para áreas como as Artes e as Humanidades.













