Estas descobertas, associadas a fósseis do género *Paranthropus*, sugerem que este parente extinto dos humanos, e não apenas o género *Homo*, poderia possuir capacidades cognitivas avançadas, num período marcado pela coexistência de múltiplas linhagens de hominídeos. Um estudo centrado no sítio arqueológico de Nyayanga, no Quénia, analisou geoquimicamente 401 artefactos de pedra, concluindo que as matérias-primas, como quartzito e riolito, foram transportadas de locais a até 13 quilómetros de distância. Esta evidência de transporte deliberado, 600.000 anos antes do que se acreditava, implica um nível sofisticado de planeamento, uso de mapas mentais e capacidade de avaliar a qualidade dos recursos. A descoberta mais intrigante é a associação destes artefactos com fósseis de *Paranthropus*, o que, segundo os autores, “levanta a questão de saber se o transporte da tecnologia de núcleos e lascas era exclusivo do género *Homo*”.
Esta possibilidade desafia a visão tradicional que atribui a produção de ferramentas exclusivamente aos nossos antepassados diretos.
Complementarmente, outras investigações na Etiópia reforçam este cenário de complexidade, ao demonstrarem que, neste período, até quatro linhagens de hominídeos, incluindo *Homo* primitivo, *Paranthropus* e diferentes espécies de *Australopithecus*, podem ter coexistido na África Oriental. Este panorama desmistifica a ideia de uma evolução linear e direta, pintando um quadro de grande diversidade e dinamismo, onde múltiplas espécies partilhavam ecossistemas e, possivelmente, competiam por recursos.













