A iniciativa, coordenada em território nacional pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) em colaboração com a Universidade do Algarve, prevê o lançamento de seis flutuadores robóticos até ao final do ano. Estes flutuadores, que se juntam a uma rede global de mais de 4.000 unidades, são instrumentos autónomos que mergulham até 2.000 metros de profundidade em ciclos de dez dias.

Durante a sua subida, recolhem dados essenciais sobre temperatura, salinidade, pressão e correntes.

Os modelos mais avançados, que Portugal também irá lançar, medem parâmetros adicionais como oxigénio, nitratos, clorofila e pH.

A transmissão de dados é feita via satélite em tempo quase real, alimentando modelos de previsão atmosférica e climática em todo o mundo.

Miguel Santos, investigador do IPMA, sublinha a importância destes dados, afirmando que "as previsões são cada vez mais fiáveis porque cada vez temos mais flutuadores".

A informação recolhida já evidencia uma tendência clara de aquecimento do oceano global e um aumento da sua acidificação, fenómenos associados à atividade humana.

O investigador alerta ainda para o facto de o degelo nos polos poder diminuir a intensidade da circulação termoalina, a "passadeira rolante" oceânica que regula o clima, o que, paradoxalmente, poderia levar a invernos mais rigorosos e a uma nova era glaciar na Europa, ao reduzir o transporte de calor pela corrente do Golfo.