A análise revela que o desgaste dentário excessivo, causado pelo uso dos dentes como ferramenta, contribuiu para o desenvolvimento da patologia.

A investigação, publicada no American Journal of Biological Anthropology, documenta apenas o sétimo caso conhecido de cárie dentária num Neandertal, oferecendo novas perspetivas sobre os seus hábitos e saúde oral.

O molar analisado pertencia a um homem adulto, designado "adulto 6", cujos restos foram encontrados juntamente com os de outros doze indivíduos.

A análise detalhada do dente revelou um desgaste significativo, que não resultava apenas de uma dieta "áspera e abrasiva", mas também do uso frequente da boca como uma "terceira mão" para tarefas como o processamento de peles de animais.

Este comportamento levou à deterioração da dentina, criando um ambiente propício à colonização por bactérias cariogénicas.

Para confirmar esta hipótese, os cientistas utilizaram técnicas não invasivas, como microscopia eletrónica e tomografia computorizada, que permitiram criar imagens tridimensionais do dente sem o danificar.

Além disso, análises de ADN antigo preservado no tártaro dentário do indivíduo identificaram a presença da bactéria Streptococcus mutans, conhecida por causar cáries.

O estudo do tártaro também revelou que a dieta destes hominídeos incluía alimentos cozinhados ricos em amido, como pinhões e cogumelos, o que pode ter contribuído para a proliferação bacteriana. Esta descoberta demonstra que, embora menos frequentes do que nos humanos modernos, as cáries já existiam antes do advento da agricultura.