Investigadoras do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto desenvolveram uma nova abordagem para a terapia com células CAR-T, tornando-as mais eficazes e resistentes contra tumores sólidos. A inovação consiste na eliminação de um pequeno gene nos linfócitos T, as células de defesa do organismo. A terapia com células CAR-T é uma forma de imunoterapia promissora que consiste em modificar geneticamente os linfócitos T de um paciente para que estes consigam reconhecer e atacar as células cancerígenas. Embora tenha tido sucesso em cancros do sangue, a sua eficácia contra tumores sólidos tem sido limitada, em parte porque o ambiente do tumor consegue suprimir a atividade destas células de defesa.
A equipa do i3S, no Porto, encontrou uma forma de contornar este problema.
A sua investigação descobriu que, ao eliminar um pequeno gene específico nos linfócitos T, estas células imunitárias tornam-se mais potentes e resilientes. Esta edição genética permite que as células CAR-T resistam melhor ao ambiente hostil criado pelo tumor, mantendo a sua capacidade de combate por mais tempo. O resultado são "supercélulas" que prometem ser mais eficazes no tratamento de tumores sólidos, que representam a grande maioria dos casos de cancro. Esta descoberta portuguesa pode, assim, revolucionar o tratamento para vários tipos de cancro, alargando o espetro de aplicação de uma das mais avançadas terapias oncológicas da atualidade e oferecendo uma nova esperança para doentes com tumores difíceis de tratar.
O próximo passo será validar estes resultados em modelos mais complexos e, eventualmente, em ensaios clínicos.
Em resumoUma equipa do i3S desenvolveu uma técnica de edição genética que potencia a eficácia das células CAR-T contra tumores sólidos. Ao eliminar um gene específico, as células imunitárias tornam-se mais resistentes, o que pode representar um avanço significativo no tratamento de vários tipos de cancro.