O trabalho, realizado pelo International Brain Laboratory (IBL), uma colaboração de neurocientistas dos EUA e da Europa que inclui a Fundação Champalimaud, representa um marco pela sua escala e rigor. Os investigadores registaram a atividade de mais de meio milhão de neurónios em 279 áreas cerebrais, cobrindo 95% do volume cerebral de ratinhos, enquanto estes realizavam uma tarefa de decisão. Numa experiência padronizada em 12 laboratórios, os animais tinham de indicar a direção de um estímulo luminoso, girando uma roda para receber uma recompensa.
Em testes onde o estímulo era fraco, os ratinhos baseavam a sua escolha em experiências anteriores, permitindo estudar como as expectativas influenciam a decisão.
Contrariamente à ideia de um processamento hierárquico, os resultados mostraram que os sinais relacionados com a decisão e a expectativa estão distribuídos por todo o cérebro.
Zachary Mainen, investigador da Fundação Champalimaud, destacou o desafio da reprodutibilidade: "muito do esforço foi dedicado a descobrir como fazer com que diferentes laboratórios realizassem exatamente a mesma experiência (...) Esse nível de reprodutibilidade era absolutamente essencial". As descobertas apoiam a teoria de que o cérebro funciona como uma "máquina de previsão", atualizando constantemente o seu modelo do mundo, e podem ter implicações importantes para a compreensão de condições psiquiátricas como o autismo e a esquizofrenia.














