A cientista Vanessa Coelho-Santos, da Universidade de Coimbra, conquistou uma prestigiada bolsa "Starting Grant" do Conselho Europeu de Investigação (ERC) no valor de quase 2,1 milhões de euros. O financiamento apoiará um projeto de cinco anos que visa desvendar os mecanismos de desenvolvimento do cérebro em recém-nascidos. A investigação focar-se-á em compreender como se organiza a complexa rede tridimensional de microvasos no cérebro, que se expande significativamente após o nascimento e é crucial para fornecer oxigénio e nutrientes. O projeto irá explorar como as células endoteliais, que formam os vasos sanguíneos, se organizam para criar a rede capilar e, de forma pioneira, qual o papel das microglias — as células imunitárias do cérebro — neste processo durante o período neonatal. "O grande enigma é perceber como é que as células endoteliais sabem onde se ligar: seguem sinais específicos onde algo indica o caminho ou já nascem com esse destino traçado?
", questiona Vanessa Coelho-Santos.
Desvendar este mecanismo poderá transformar a compreensão sobre como as respostas neuroimunes, por exemplo após uma infeção ou dano cerebral, moldam a rede capilar e influenciam a suscetibilidade a doenças neurológicas.
A cientista acredita que "talvez a chave para explicar a resiliência e plasticidade do cérebro ao longo da vida esteja em perceber como esta rede se estabelece no período neonatal", com potenciais progressos na área da medicina regenerativa.
A bolsa financiará também a aquisição de novo equipamento e a contratação de uma equipa de investigação.
Em resumoCom uma bolsa ERC de 2,1 milhões de euros, a investigadora Vanessa Coelho-Santos irá liderar um projeto na Universidade de Coimbra para estudar a formação da rede de microvasos no cérebro de recém-nascidos. A investigação focar-se-á no papel das células imunitárias cerebrais (microglias) neste processo, com o objetivo de compreender melhor o desenvolvimento cerebral e abrir portas a avanços na medicina regenerativa.