Uma nova investigação sugere que a vasta diversidade e o sucesso global dos roedores, que representam quase metade de todas as espécies de mamíferos, podem estar ligados a uma adaptação aparentemente simples: a presença de unhas nos polegares em vez de garras. Publicado na revista ‘Science’, o estudo liderado pela Universidade de São Paulo e pelo Museu Field de História Natural analisou 433 géneros de roedores e descobriu que 86% possuíam espécies com unhas nos polegares. Os dados sugerem que esta característica estava presente no antepassado comum de todos os roedores modernos.
A principal vantagem das unhas planas é a maior destreza manual que proporcionam em comparação com as garras afiadas.
Esta habilidade torna mais fácil manipular, abrir e comer alimentos como nozes, que são um recurso altamente energético.
Segundo o investigador Anderson Feijó, esta capacidade permitiu aos roedores “explorar este recurso único e, assim, diversificar-se amplamente, porque não estavam a competir com outros animais por esse alimento”.
O estudo também estabelece uma correlação entre a presença de unhas e o estilo de vida, notando que, tal como os primatas, os roedores com unhas tendem a ser arbóreos, enquanto os que vivem no subsolo e escavam são mais propensos a ter garras. Este é um exemplo de “evolução convergente”, pois roedores e primatas desenvolveram unhas de forma independente.
Em resumoO estudo revela como uma pequena alteração anatómica, a substituição de uma garra por uma unha no polegar, conferiu uma vantagem evolutiva crucial aos roedores, permitindo-lhes explorar novos nichos ecológicos e diversificar-se numa escala sem precedentes no mundo dos mamíferos.