O paciente, Rick Slayman, de 62 anos, sofria de doença renal em fase terminal e já não tinha outras opções de tratamento.

O seu nefrologista, Winfred Williams, explicou que o acesso vascular para diálise estava a falhar e que o paciente considerava parar os tratamentos, o que “seria uma sentença de morte”.

A cirurgia, realizada no Hospital Geral de Massachusetts, utilizou um rim desenvolvido pela empresa de biotecnologia eGenesis.

Através da tecnologia CRISPR-Cas9, foram realizadas 69 edições genéticas no genoma do porco para eliminar antigénios suínos que causam rejeição imediata em humanos e para adicionar genes humanos que melhoram a compatibilidade.

Embora Rick Slayman tenha falecido cerca de dois meses após a cirurgia, a autópsia revelou que a causa da morte estava relacionada com a sua doença cardíaca grave preexistente, e não com a falha do rim.

O médico confirmou que “o xeno-enxerto estava a funcionar razoavelmente bem”.

Este resultado, juntamente com outros ensaios em pacientes em morte cerebral, valida a abordagem.

Mike Curtis, diretor executivo da eGenesis, acredita que a tecnologia poderá, a longo prazo, suplantar os transplantes de dadores humanos.

Embora a ciência ainda esteja em fase inicial e os desafios sejam muitos, o procedimento em Rick Slayman provou que um órgão de porco modificado pode funcionar num corpo humano, abrindo as portas para futuros ensaios clínicos e oferecendo esperança a milhares de pacientes em lista de espera.