As quimeras, parentes dos tubarões e das raias, são conhecidas pelas suas características invulgares.

Os machos da espécie possuem uma estrutura retrátil na testa, chamada tenáculo, que usam para agarrar a fêmea durante o acasalamento.

Até agora, acreditava-se que as protuberâncias nesta estrutura eram dentículos dérmicos, semelhantes a escamas modificadas.

No entanto, uma equipa de investigadores de várias universidades norte-americanas demonstrou que são, na verdade, dentes homólogos aos que o animal possui na boca. O estudo combinou a análise de fósseis de quimeras com 315 milhões de anos, que já apresentavam esta estrutura, com microtomografias computadorizadas e análises genéticas de espécimes modernos da espécie *Hydrolagus colliei*.

As análises genéticas foram conclusivas, mostrando que os mesmos genes responsáveis pela formação dos dentes orais estão ativos no tenáculo. A investigadora Karly E. Cohen, líder do estudo, descreveu a característica como “absolutamente espetacular”, afirmando que esta “reverte a antiga suposição da biologia evolutiva de que os dentes são estruturas estritamente orais”. Os cientistas teorizam que um grupo de células formadoras de dentes migrou da mandíbula para a cabeça ao longo da evolução destes peixes. Este fenómeno é um exemplo notável de “bricolagem” evolutiva, onde a natureza reutiliza um “programa pré-existente para fabricar dentes” para criar um dispositivo com uma função completamente nova e essencial para a reprodução.