O fóssil, encontrado em 2016 na Praia da Área do Mastro, foi agora formalmente descrito na revista *Journal of Systematic Palaeontology*.
O nome da espécie homenageia uma antiga divindade lusitana (Cariocecus) e o naturalista português do século XIX, José Vicente Barbosa du Bocage.
A principal relevância do achado reside na sua extraordinária preservação tridimensional, que permitiu aos investigadores não só identificar características anatómicas únicas, mas também realizar uma reconstrução digital do cérebro, dos nervos cranianos e do ouvido interno. Segundo o investigador Ricardo Araújo, "a preservação excecional do endocrânio permitiu-nos compreender melhor os detalhes dos ouvidos e audição destes animais", fornecendo dados inéditos sobre as suas capacidades sensoriais.
Uma das características mais distintivas do *Cariocecus bocagei* é a fusão do osso jugal com a maxila, uma adaptação que, segundo o paleontólogo Filippo Bertozzo, foi "provavelmente concebida para fortalecer a sua mastigação". Este dinossauro, um exemplar jovem ou subadulto, preenche uma lacuna importante no registo fóssil, ajudando a compreender a transição evolutiva entre os dinossauros herbívoros do Jurássico e os iguanodontes mais avançados do Cretácico, sugerindo uma possível origem euro-africana para o grupo.
O crânio está atualmente preservado na Sociedade de História Natural de Torres Vedras.














