O estudo revela que os sinais de decisão estão distribuídos por quase todo o cérebro, ativando-se numa cascata coordenada.

A investigação, liderada pelo International Brain Laboratory (IBL) e publicada na revista *Nature*, envolveu 12 laboratórios na Europa e nos Estados Unidos.

Foram monitorizados mais de meio milhão de neurónios em 279 áreas do cérebro de ratinhos enquanto estes realizavam uma tarefa simples que envolvia incerteza, forçando-os a usar a experiência prévia para orientar as suas escolhas.

Ao contrário do que se pensava, a atividade neuronal relacionada com a decisão não se concentrou em regiões específicas, mas foi detetada em quase todo o cérebro.

A Fundação Champalimaud foi central no desenvolvimento da infraestrutura de hardware e software que permitiu obter e analisar um volume de dados sem precedentes, garantindo a padronização dos procedimentos entre todos os laboratórios.

Olivier Winter, programador científico sénior do IBL na fundação, descreveu o projeto como "um desafio logístico e científico de altíssimo nível".

A utilização de sondas Neuropixels de última geração permitiu registar a atividade de neurónios individuais, oferecendo uma resolução muito superior à da ressonância magnética funcional. Esta descoberta apoia a teoria de que o cérebro funciona como uma "máquina de previsão" e poderá ter implicações no estudo de condições psiquiátricas como o autismo e a esquizofrenia.