O fóssil foi encontrado em 2016 na Praia da Área do Mastro e o seu estudo, publicado no *Journal of Systematic Palaeontology*, revelou características únicas que justificaram a sua classificação como uma nova espécie.

O nome homenageia uma antiga divindade lusitana (*Cariocecus*) e o naturalista português do século XIX, José Vicente Barbosa du Bocage.

Uma das suas particularidades mais notáveis é a fusão do osso jugal com a maxila, uma adaptação que, segundo os investigadores, serviria para “fortalecer a sua mastigação”. A excecional preservação tridimensional do crânio permitiu a reconstrução digital do cérebro, dos nervos cranianos e do ouvido interno, oferecendo uma visão inédita sobre as capacidades sensoriais do animal. Segundo Bruno Camilo, um dos autores do estudo, esta descoberta “permite conhecer o momento e as modalidades em que se deu a co-ossificação dos ossos cranianos durante o crescimento, o que é muito raro conseguir compreender num dinossauro”.

Este achado ajuda a preencher uma lacuna no registo fóssil português entre os dinossauros do Jurássico Superior e os iguanodontes mais avançados do Cretáceo, sugerindo uma possível origem euro-africana para o grupo e reforçando a importância de Portugal como um local chave para o estudo da paleontologia deste período.