Esta prática, que consistia em secar os corpos com fumo, antecede em milénios as técnicas de mumificação do Antigo Egito e da cultura Chinchorro.

O estudo, conduzido por arqueólogos da Universidade Nacional Australiana e publicado na revista *PNAS*, analisou ossos de 54 sepulturas pré-neolíticas.

A técnica utilizada, descrita como “secagem com fumo”, envolvia amarrar o corpo numa posição fletida e suspendê-lo sobre uma fogueira fumegante por um período prolongado.

Segundo o professor Peter Bellwood, coautor do estudo, este método era necessário para preservar os corpos no clima húmido da região, em contraste com a secagem natural possível em ambientes áridos.

Os investigadores utilizaram análises laboratoriais para identificar vestígios de fumo e calor nos ossos, confirmando o tratamento post-mortem.

A descoberta redefine a cronologia das práticas funerárias complexas, mostrando que estas já existiam entre populações de caçadores-recoletores do Pleistoceno Terminal.

A investigação estabelece ainda paralelos com práticas etnográficas registadas em comunidades indígenas da Austrália e da Nova Guiné, sugerindo uma continuidade cultural e biológica duradoura que liga as populações antigas da região aos povos modernos da Oceânia.

Esta tradição permitia manter os antepassados fisicamente presentes na comunidade, refletindo uma profunda ligação espiritual e social com os mortos.