Esta tecnologia poderá mudar radicalmente a forma como as infeções são tratadas, constituindo uma ferramenta crucial na luta contra a crescente ameaça da resistência antimicrobiana.

Desenvolvido pela empresa ALS no âmbito do consórcio SMARTgNOTICS, que junta entidades públicas e privadas, o dispositivo será testado ainda este ano em humanos e animais, no hospital CUF e no grupo Lusiaves.

A sua principal vantagem reside na rapidez: ao identificar a bactéria causadora da infeção e a sua sensibilidade aos fármacos em tempo real, permite a administração imediata do antibiótico mais adequado.

Esta abordagem de precisão contrasta com a prática atual de recorrer a tratamentos de largo espectro, que contribuem para o aumento das resistências. A resistência antimicrobiana é uma crise de saúde pública global, sendo já "uma das principais causas de morte a nível mundial", como alertou Sílvio Santos, da Universidade do Minho. Joana Lemos, coordenadora de Medicina Interna do grupo CUF, reforçou que a resistência resulta "num aumento do número e da duração dos internamentos e num excesso de mortalidade". A apresentação do dispositivo foi acompanhada por uma mesa-redonda com especialistas que sublinharam a urgência de novas soluções. Manuela Caniça, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, defendeu que "só com testes de diagnóstico e capacidade laboratorial podemos reduzir a resistência aos antibióticos", destacando a necessidade de "testes rápidos e com custos reduzidos".

Patrícia Poeta, do grupo MicroART, alertou que, sem uma resposta integrada, poderá haver "um retrocesso sanitário com consequências imprevisíveis".

A nova tecnologia portuguesa representa, assim, um passo fundamental para uma medicina mais eficaz e para a contenção de uma das maiores ameaças à saúde global.