Esta investigação representa um passo importante para futuras terapias reprodutivas, embora levante complexas questões éticas.

Num avanço que se aproxima da ficção científica, investigadores nos Estados Unidos transformaram células da pele em ovócitos funcionais capazes de serem fertilizados por espermatozoides. A técnica, designada "transferência nuclear", consistiu em remover os núcleos de ovócitos doados e substituí-los por núcleos de células da pele.

Como as células da pele possuem 46 cromossomas, ao contrário dos 23 necessários num óvulo, os cientistas aplicaram um método inovador, que denominaram "mitomeiose", para remover metade dos cromossomas.

Após este processo, os óvulos artificiais foram fertilizados, e cerca de 10% desenvolveram-se em embriões que duraram alguns dias. No entanto, estes embriões apresentavam inúmeras anomalias cromossómicas, o que demonstra que a tecnologia ainda se encontra numa fase experimental e longe de uma aplicação clínica segura. Paula Amato, uma das autoras do estudo, alertou que serão necessários pelo menos dez anos de investigação adicional.

Contudo, o potencial é vasto, podendo no futuro tratar a infertilidade em mulheres que não produzem ovócitos ou permitir que "casais do mesmo sexo tivessem um filho geneticamente relacionado com ambos os parceiros".

A investigação, inserida no campo da "gametogénese in vitro", está suficientemente avançada para que entidades reguladoras, como a Agência Francesa de Biomedicina, já debatam o enquadramento ético e social de tal avanço, que poderá "mudar profundamente o panorama da reprodução humana".