A descoberta, que utiliza inteligência artificial para decifrar estes padrões, abre novas vias não invasivas para o estudo do cérebro, mas levanta também importantes questões éticas.

Publicado na revista *Nature Neuroscience*, o estudo demonstrou que é possível "ler a mente" através de gravações de vídeo.

A equipa de cientistas, liderada por Zachary Mainen, gravou os movimentos faciais de ratinhos enquanto estes resolviam um quebra-cabeças e, em simultâneo, registou a atividade dos seus neurónios. Utilizando algoritmos de Aprendizagem de Máquina para analisar os dados, os investigadores descobriram que os padrões de movimentos faciais eram tão informativos sobre a estratégia cognitiva do animal como a leitura direta da atividade de dezenas de neurónios. "Para nossa surpresa, descobrimos que conseguimos obter tanta informação sobre o que o ratinho estava a pensar como a que conseguimos ao registar a atividade de dezenas de neurónios", confessou Mainen. Uma das conclusões mais relevantes é que padrões faciais semelhantes representaram as mesmas estratégias em diferentes ratinhos, sugerindo que a expressão de processos de pensamento complexos pode ser estereotipada, à semelhança do que acontece com as emoções. Este avanço constitui uma prova de conceito para novas ferramentas de investigação e diagnóstico não invasivas.

No entanto, os próprios autores alertam para as implicações éticas.

Alfonso Renart, outro investigador principal, salientou que a descoberta evidencia a "necessidade de se começar a pensar em regulamentação de proteção" para a privacidade mental.