Publicada na revista *Nature Communications*, a investigação representa uma esperança futura para o tratamento da infertilidade e para casais do mesmo sexo.
O estudo, liderado por investigadores nos Estados Unidos, utilizou uma técnica conhecida como "transferência nuclear", na qual o núcleo de uma célula da pele, com 46 cromossomas, foi inserido num óvulo doador previamente enucleado. O passo crucial seguinte foi induzir a célula a expelir metade dos seus cromossomas através de um processo que os cientistas denominaram "mitomeiose", resultando num ovócito artificial com os 23 cromossomas necessários para a fertilização.
Subsequentemente, estes óvulos foram fertilizados com espermatozoides, e uma pequena percentagem (cerca de 9%) desenvolveu-se em embriões que duraram alguns dias, uma fase teoricamente suficiente para implantação.
A investigadora Paula Amato destacou o potencial da técnica, afirmando que "isto também permitiria que casais do mesmo sexo tivessem um filho geneticamente relacionado com ambos os parceiros".
No entanto, os próprios autores alertam que a aplicação clínica está ainda a, pelo menos, uma década de distância.
A investigação encontra-se numa fase experimental e enfrenta desafios científicos e éticos significativos.
Os embriões resultantes apresentaram inúmeras anomalias cromossómicas, tornando-os inviáveis e sublinhando a necessidade de aperfeiçoar a técnica para garantir a sua segurança.
Este trabalho insere-se no campo da "gametogénese in vitro" e, apesar das suas limitações atuais, é considerado uma prova de conceito que poderá, um dia, "mudar profundamente o panorama da reprodução humana".














