A descoberta, publicada na revista *Journal of Systematic Palaeontology*, preenche uma lacuna importante na evolução destes herbívoros na Península Ibérica.
O fóssil é considerado o "crânio de dinossauro mais completo" alguma vez encontrado em Portugal e pertence ao primeiro iguanodonte do Cretácico Inferior identificado no país.
A sua designação combina referências à cultura local e à ciência portuguesa: *Cariocecus* remete para uma antiga divindade da guerra venerada na região no período pré-romano, enquanto *bocagei* presta homenagem ao naturalista português do século XIX, José Vicente Barbosa du Bocage.
A investigação, coordenada por Filippo Bertozzo, do Museu Real de Ciências Naturais de Bruxelas, destaca a importância do achado. "A excecional preservação e tridimensionalidade dos vários elementos do crânio do Cariocecus permitiram a reconstrução digital do cérebro, dos nervos cranianos e, principalmente, do ouvido interno", refere a equipa em comunicado. Esta reconstrução abre novas perspetivas sobre as capacidades sensoriais e os mecanismos de termorregulação destes animais, uma vez que estudos recentes demonstraram a ligação entre a estrutura do ouvido interno e o metabolismo dos dinossauros. O estudo reforça o papel de Portugal como uma "ponte" geográfica e evolutiva entre as faunas do Jurássico Superior e as espécies mais avançadas de iguanodontes que surgiram posteriormente no Cretácico.
O dinossauro partilhava o seu habitat com titanossauros e predadores do grupo dos espinossauros, enriquecendo o conhecimento sobre os ecossistemas da antiga Península Ibérica.














