O fóssil, desenterrado no estado norte-americano do Wisconsin, apresenta uma ventosa caudal semelhante à das sanguessugas modernas, mas não possui a ventosa frontal utilizada por muitas espécies atuais para sugar sangue.

Esta ausência, aliada ao facto de o fóssil ter sido encontrado numa formação geológica que correspondia a um antigo ambiente marinho, levou os investigadores a concluir que a *M. siluricus* provavelmente se alimentava de invertebrados de corpo mole, engolindo-os inteiros ou consumindo os seus fluidos internos. Karma Nanglu, um dos coautores do estudo, explicou que “alimentar-se de sangue exige uma maquinaria muito especializada”, como anticoagulantes e enzimas digestivas complexas, pelo que “faz mais sentido que as primeiras sanguessugas tenham engolido as presas inteiras”.

A descoberta é particularmente notável porque as sanguessugas, por serem animais de corpo mole, sem ossos ou conchas, raramente são preservadas como fósseis. A sua fossilização requer uma combinação rara de condições, como baixos níveis de oxigénio e uma cobertura quase imediata por sedimentos. Nanglu descreveu a ocorrência simultânea de um animal raro e do ambiente ideal para a sua fossilização como o equivalente a “ganhar a lotaria duas vezes”.

Esta descoberta sublinha a diversidade das sanguessugas, tanto no passado como no presente, cujos modos de vida e alimentação são muito mais variados do que a imagem popular sugere.