O seu trabalho identificou as células T reguladoras (Tregs) e o gene FOXP3, que funcionam como "travões" para impedir o sistema imunitário de atacar os tecidos do próprio corpo, abrindo caminho a novas terapias para doenças autoimunes e cancro. O sistema imunitário possui a notável capacidade de distinguir entre as células do próprio corpo e agentes invasores, um mecanismo conhecido como tolerância imunitária. As descobertas dos laureados focaram-se na tolerância periférica, um sistema de controlo que atua quando células T autorreativas escapam à seleção no timo e circulam no corpo. Em 1995, Shimon Sakaguchi descobriu as células T reguladoras (Tregs), apelidadas de “células guardiãs”, que têm a função de suprimir ativamente outras células imunitárias, impedindo-as de atacar tecidos saudáveis.
Anos mais tarde, em 2001, Mary E. Brunkow e Fred Ramsdell identificaram o gene FOXP3 como o fator-chave para o desenvolvimento e funcionamento destas Tregs.
Mutações neste gene causam doenças autoimunes graves, como a síndrome IPEX, confirmando a sua importância vital.
O Comité Nobel afirmou que “as suas descobertas lançaram as bases para um novo campo de investigação e estimularam o desenvolvimento de novos tratamentos”.
A manipulação destas células abre uma nova fronteira terapêutica: por um lado, a estimulação das Tregs pode ser usada para tratar doenças autoimunes como a diabetes tipo 1 ou o lúpus; por outro, a sua inibição pode ser crucial no combate ao cancro, uma vez que alguns tumores utilizam as Tregs para se protegerem do sistema imunitário.
Este avanço representa, nas palavras do investigador Miguel Castanho, “mais uma frente que a ciência abre” contra patologias complexas.














