A descoberta, que explica pela primeira vez o mecanismo microbiológico por trás deste fenómeno, pode abrir caminho a métodos de prospeção mineira mais sustentáveis e ecológicos.
O estudo, conduzido pela Universidade de Oulu, analisou agulhas de abetos-da-noruega nas proximidades da maior mina de ouro da Europa, em Kittilä, na Lapónia. Em algumas árvores, foram detetadas nanopartículas de ouro incrustadas nas agulhas, envoltas em biofilmes bacterianos.
A análise genética identificou grupos de bactérias, como P3OB-42, Cutibacterium e Corynebacterium, como sendo a chave do processo de biomineralização.
A investigadora principal, Kaisa Lehosmaa, explicou o mecanismo: o ouro, presente no solo em forma solúvel, é absorvido pela árvore através da água e transportado até às agulhas.
Aí, os micróbios convertem-no em partículas sólidas nanométricas.
“Os nossos resultados sugerem que as bactérias e outros micróbios que vivem dentro das plantas podem influenciar a acumulação de ouro nas árvores”, afirmou Lehosmaa.
Embora as partículas sejam demasiado pequenas para terem valor económico direto, a sua presença nas plantas funciona como um bioindicador de depósitos subterrâneos.
Esta descoberta pode transformar a prospeção de ouro, tornando-a mais precisa, barata e com menor impacto ambiental do que as técnicas tradicionais. Em vez de escavações extensivas, bastaria analisar as comunidades microbianas nas folhas das árvores para mapear potenciais filões de ouro. Um método semelhante, utilizando folhas de eucalipto na Austrália, já levou à descoberta de um depósito significativo, validando o potencial desta abordagem.













