A descoberta fornece dados inéditos sobre os primórdios da Mesopotâmia e sugere que comunidades antes vistas como periféricas eram, na verdade, atores centrais na difusão cultural e política da época.

A investigação, realizada no âmbito do Projeto Arqueológico de Kani Shaie em parceria com a Universidade de Cambridge e autoridades locais, identificou uma estrutura que se acredita ser um espaço de culto do período de Uruk (c.

3300–3100 a.C.).

Esta época é associada à emergência das primeiras cidades, como Uruk, na Mesopotâmia Meridional.

A descoberta deste edifício, juntamente com artefactos como um fragmento de pendente em ouro, um selo cilíndrico para práticas administrativas e cones de parede decorativos típicos da arquitetura de Uruk, desafia a visão tradicional de que locais como Kani Shaie eram meramente marginais. Segundo os arqueólogos André Tomé, Maria da Conceição Lopes e Steve Renette, a descoberta “poderá alterar profundamente o entendimento da relação entre Uruk e as regiões periféricas, revelando que sítios como Kani Shaie não eram marginais, mas antes atores centrais nos processos de difusão cultural e política”. O projeto, em curso desde 2013, posiciona Kani Shaie como um sítio arqueológico fundamental a leste do rio Tigre para compreender os desenvolvimentos sociais e políticos do Crescente Fértil, consolidando a importância da investigação portuguesa no estudo das origens da civilização.