O estudo centrou-se em duas pequenas moléculas reguladoras, os microARN miR-146a-5p e miR-29a-3p, que se encontram em níveis elevados na pele de pessoas com diabetes, dificultando o processo de cicatrização.

A equipa de investigação demonstrou que, ao inibir simultaneamente estes dois microARN, é possível reverter este quadro.

Em testes realizados em células humanas e em modelos animais (ratinhos com diabetes tipo 1), a abordagem terapêutica resultou numa cicatrização quase total das feridas ao fim de apenas dez dias.

Além da rapidez, o tratamento levou à formação de uma pele mais resistente e estruturalmente mais organizada.

Segundo os investigadores Ermelindo Leal e Eugénia Carvalho, os resultados “abrem novas possibilidades para o desenvolvimento de terapias inovadoras” com potencial para modular processos-chave como a inflamação, o stress oxidativo e a formação de novos vasos sanguíneos.

A relevância social desta descoberta é imensa, considerando que a diabetes afeta milhões de pessoas em todo o mundo e que as úlceras crónicas são uma causa frequente de dor, infeções e amputações. “Estes futuros alvos de terapia molecular podem ter o potencial de melhorar significativamente as feridas e a recuperação de doentes, podendo reduzir o tempo de internamento hospitalar, diminuir o risco de amputações e, assim, aliviar o peso económico e social associado”, afirmam os cientistas.